Entre as dezenas de mezinhas para tratar a gripe que fazem parte do património de crenças populares, a canja de galinha ocupa um lugar de destaque. Os mais antigos acreditam que comer esta sopa – feita com galinha (ou frango), massinhas (ou arroz) e, por vezes, com legumes – é eficaz no tratamento da doença. Mas será mesmo assim?

É verdade que a canja de galinha cura a gripe?

Em declarações ao Viral, o especialista em Medicina Geral e Familiar João Ramos adianta que a ideia de que a canja de galinha cura a gripe “é um mito muito enraizado já do tempo dos nossos avós”.

O médico explica que a canja (nem qualquer outro alimento) não é eficaz, por si só, no tratamento da gripe, mas sublinha que comer esta sopa quando a doença “ataca” pode ter vantagens.

Isto porque, quando as pessoas têm gripe, os médicos dizem-lhes “para se aquecerem e para se hidratarem”. E, segundo João Ramos, “a canja cumpre esse propósito”.

“A canja é uma sopa com muita água, tem uma proteína boa – que é o frango – e é uma boa forma de as pessoas se aquecerem”, reforça o médico.

Pela mesma ordem de ideias, comer outro tipo de sopas quando temos gripe é uma boa opção, “porque as sopas são uma boa forma de comermos legumes e de nos hidratarmos e aquecermos”.

Noutro plano, o especialista em Medicina Geral e Familiar lembra que “não há nada que cure a gripe”, pois esta é uma doença “viral” e autolimitada.

Por isso, a gripe passa “sozinha” e os medicamentos disponíveis servem apenas para atenuar os sintomas até a doença passar. Por exemplo, “se a pessoa tiver febre, pode tomar paracetamol”, e, “se tiver dores no corpo, pode tomar um anti-inflamatório, como o ibuprofeno”.

Segundo o médico consultado pelo Viral, o que está indicado para tratar a gripe é “a pessoa alimentar-se bem, agasalhar-se, hidratar-se e dormir bem”.

Também no site da Direção-Geral da Saúde (DGS) pode ler-se que a gripe “é uma doença contagiosa que, maioritariamente, cura espontaneamente”.

A DGS lembra, contudo, que “podem ocorrer complicações, particularmente em pessoas com doenças crónicas ou com 65 ou mais anos de idade”.

Assim sendo, a vacinação anual contra a gripe é “fortemente recomendada” a: “pessoas com idade igual ou superior a 65 anos; doentes crónicos e imunodeprimidos (a partir dos 6 meses de idade); grávidas e profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados (ex.: lares de idosos)”.